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Foto do escritorLuciana Scapin

Vulnerabilidade social: Impactos da pandemia de COVID-19

Há mais de um ano a população brasileira vê sua vida modificada pelo coronavírus. O sofrimento é geral, mas as desigualdades aumentam entre os que se encontram à margem da sociedade.



Que a pandemia de COVID-19 aumentou as desigualdades tão características da sociedade brasileira, infelizmente não é novidade para ninguém. De forma empírica, observamos que mais pessoas estão desempregadas, mais famílias têm fome e vemos o número de pessoas em situação de rua crescer.

Mas não são só as reflexões do cotidiano que apontam o aumento das vulnerabilidades sociais: dados comprovam que o impacto da pandemia de COVID-19 é gigantesca. Em relatório publicado no último dia 7, a Anistia Internacional aponta que cerca de 27 milhões de brasileiros passaram a viver na extrema pobreza, com menos de R$ 246 ao mês.


Quem são as pessoas em vulnerabilidade social?


Quando falamos em pessoas vulneráveis socialmente, nos referimos a pessoas comuns, que compõem a base de nossa sociedade e são habitualmente esquecidas.


Estamos falando de pessoas pobres, periféricas, com pouco acesso à educação e majoritariamente negras. São pessoas portadoras de deficiências, LGBTQIA+, desempregados ou trabalhadores informais, além de pessoas em situação de cárcere.


Água, comida e informação: os três pilares de combate ao COVID-19


Para pessoas em situação de vulnerabilidade, a contaminação e mortalidade por coronavírus é ainda mais preocupante do que para as populações privilegiadas: pessoas menos alfabetizadas morrem duas vezes mais e a população negra tem 39% de chance de vir à óbito por COVID-19 do que a população branca.


Esses dados são reflexos da falta de olhar da esfera pública para os grupos vulneráveis à marginalização social. Em boletim produzido pela Articulação por Direitos na Pandemia, podemos constar o seguinte:


  • não houve reforço nas políticas de abastecimento de água e saneamento básico, serviços essenciais para o cumprimento das medidas preventivas de combate ao COVID-19 e tão escassos entre as populações mais vulneráveis;


  • o acesso à internet é um privilégio para poucos, dado os altos custos e o sinal instável ou mesmo inexistente;


Além disso, o crescimento da fome é preocupante: uma pesquisa da Rede Penssan mostrou que pela primeira vez em 17 anos mais da metade da população está em situação de insegurança alimentar.


E nas comunidades?


Com a segunda onda de COVID-19, a situação de vulnerabilidade das pessoas que vivem em comunidade se agrava cada vez mais. O ponto mais imediato é a fome: segundo pesquisa do Data Favela, cerca de 70% dos moradores de comunidades no país tiveram piora em sua alimentação em 2021.


Muitas das ações sociais de combate à fome vem da iniciativa privada, com destaque para os movimentos #tamojuntonaluta, da Plataforma Transforma Brasil e #panelacheiasalva, que nasceu da união entre a CUFA, a Gerando Falcões e a Frente Nacional Antirracista.


Iniciativas a médio e longo prazo


Podemos constatar a precariedade do acesso à saúde e falta de políticas para promover o bem-estar de pessoas em situação de vulnerabilidade social, por isso precisamos cobrar que as esferas públicas despertem o olhar para essas populações.


É urgente a necessidade de ampliação do programa de vacinação contra COVID-19, especialmente entre os grupos em vulnerabilidade social que mantém serviços essenciais, como funcionamento de supermercados, transporte por aplicativo, segurança privada, entre outros, mas que não são vistos como grupos prioritários para a vacinação.


É necessário, como dito na ODS 3 da Agenda 2030 da ONU, “assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”. Esse é o nosso desejo.


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